quarta-feira, abril 29, 2009

Pré-encontro do Fórum da Agenda 21 dá voz a juventude e a comunidade



Jovens ecologistas e personalidades históricas da comunidade retratam a juventude e o engajamento social relacionado as questões ambientais

Imbituba
Tatiana Stock

No último sábado (18) aconteceu o pré-encontro do evento “A Riqueza, o Canto e o Encanto da Nossa Cultura”, abordando a saúde da terra, da Água e das pessoas, reunindo cerca de 70 integrantes da comunidade, na Escola Estadual Justina Conceição Silva, no bairro de Ibiraquera. Esse encontro une o Conselho de unidade de conservação
Durante toda a manhã os participantes aprenderam na prática como deve ser feita a captação de água da chuva e a correta fossa séptica, com o auxílio da AMA (Associação de Amigos do Meio Ambiente de Garopaba), que apresentou alternativas para o reaproveitamento da água das chuvas, a partir de caixas d’água, e a fossa séptica com zona de raízes, com o cultivo de banana, e junco. “O ser humano tem que reter a água doce antes que ela escoe para o mar. Devemos aprender a segurar a água na terra porque ela é fundamental. A fossa é uma alternativa simples, barata e ainda faz bem ao meio ambiente!”, Alessandra Schmitt, integrante da AMA.
Ao meio dia foi servido o almoço típico; com arroz branco, pirão com caldo de peixe, peixe frito (curvina), frango caipira ensopado, abóbora e salada. Quem preparou a refeição foi dona Dolarise Marques Florinda, e suas duas filhas, aposentada da escola como merendeira ela se orgulha pelo evento. “Hoje teve a abertura para a bandeira do Espírito Santo, que há anos não fazia mais parte da escola. Ter essa cultura de volta é o que estamos precisando. Agente se criou em um ambiente com tudo isso, não podemos deixar passar”, enfatiza.

Batista, agricultor orgânico familiar, da comunidade de Encantada, expôs sua nova maneira de viver, com só dois hectares de terra planta de tudo. O agricultou traz um estímulo e dá exemplo aos agricultores, ele não só come do que planta, como também mantém a família e paga suas contas, vendendo seus produtos. “As pessoas colocam lajota, acabam com a terra, envenenam a terra, eu mesmo já desmatei, hoje eu cuido! De metro em metro, cuidando, no futuro poderei olhar para trás”, orgulha-se o agricultor.
No período da tarde, jovens ecologistas da região apresentaram seus pontos de vista sobre a realidade da comunidade em relação ao meio ambiente. “Os jovens precisam questionar mais, falta informação e formadores de opinião”, Francys Pacheco Luiz, um dos fundadores da Asaep (Associação dos surfistas, amigos e ecologistas da praia do Porto). André Tomé Igreja, 27, de Ibiraquera diz que muitas idéias são pensadas, mas poucas são executadas. “Falta as pessoas se reunirem e apresentarem projetos para colocá-los em prática, tem que estar com a cabeça aberta, para discutir alternativas que sirvam para a omunidade e lutar pelo desenvolvimento sustentável”. Daniel Assis Freitas, 23, da Ribanceira, explica que uma das dificuldades encontrada pelos jovens é a dificuldade da comunidade em compreender o que deve ser feito e como dever ser realizado.
O jovem apicultor Álvaro Lemos Monteiro, faz parte da ONG Apivale (Associação de Apicultores do Vale do Rio Duna), ele assim como seus colegas, detectou o manejo inapropriado e o mau uso da terra, e de forma amistosa, retratou a realidade do jovem e apresentou um modelo sustentável. “Gostaria de uma mudança geral de atitude, onde os agricultores colocassem a mão na consciência e percebessem que estão usufruindo de coisas sem se importar com o futuro”, adverte.
Segundo o introdutor da Agenda 21 em Ibiraquera, o professor e Ph. D. Paulo Freire Vieira, esse pré-encontro serviu como uma forma de sensibilizar a juventude, pois o objetivo do fórum é pedagógico. “Ouvindo os depoimentos desses jovens, vejo que conseguimos dar mais um passo. O que temos agora é modesto, mas apesar de tudo, sinto que estamos no caminho certo. É essencial o trabalho de educação política e cívica. Tratar de agro ecologia na indústria de pesca, turismo educativo com novas possibilidades para a região, saúde coletiva, cuidado das pessoas e qualidade de vida é essencial”.
Para o encontro da Agenda 21 que está previsto para daqui a dois meses, Vieira promete novidades. “Estamos ajudando com ações civis públicas, treinando estudantes para trabalhar com a comunidade e criar projetos para os jovens se profissionalizarem melhor. Temos várias idéias, o fórum terá uma nova fase”, empolga-se o também responsável pelo programa de pós-graduação em sociologia política da UFSC, e coordenador do núcleo transdisciplinar do Meio Ambiente e Desenvolvimento (NMD) e pesquisador CMPQ.
A poetiza da comunidade prestou uma homenagem ao evento abordando a importância da discussão a respeito da sustentabilidade. “Acreditem no que está sendo feito aqui, porque é disso que depende a vida e o futuro de todos”, declamou Rosinha.
O Fundo Vira Lata, de proteção ao animal apresentou o filme “O Fulaninho”, mostrando em cenas fortes a brutalidade contra animais, logo depois foi apresentado o filme “Crise da Pesca”, retratando a realidade de pescadores do litoral paulista.
Cidinha, representante do CCI (Conselho Comunitário de Ibiraquera) explorou a necessidade de debates como os realizados e os músicos locais, Luiz e o rap Rinkon encerraram o evento.


Jovens expondo dificuldades e alternativas para um futuro sustentável dentro da atual sociedade



Jóvens locais e a representante de Ibiraquera, Cidinha


Fotos: Tatiana Stock
Matéria impressa no jornal Popular Catarinense, nº964, Ano VIII, 6ª- feira, 24 de abril de 2009.

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