Páscoa: o que comer?
Estima-se que haverá aumento de 5% na produção de ovos de páscoa durante o ano
Imbituba
Tatiana Stock
Presentear amigos e familiares com ovos de chocolate no domingo de Páscoa é uma tradição no país. E com a chegada da semana santa, há um aumento no consumo de chocolates, peixes e frutos do mar na dieta dos brasileiros. Evitar comer carne vermelha e dar preferência à peixes também é um dos costumes adotados durante a Semana Santa.
Para evitar surpresas desagradáveis e garantir o bom andamento da comemoração, deve-se prestar muita atenção no momento da compra de ovos de Páscoa e pescados e principalmente não abusar.
O Brasil é o segundo no ranking mundial dos produtores de ovos de chocolate, em primeiro está a Inglaterra. De acordo com a Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados), a previsão é que sejam comercializadas ao longo do ano, 329 mil toneladas de produtos feitos de chocolate. Não é só o sabor que agrada, o chocolate também é nutritivo e energético, sua tabela nutricional inclui carboidratos, vitaminas B1, B2 e PP, além de cálcio, ferro, magnésio e potássio. Mas o médico Delni Renato Franz, alerta que deve ser consumido de forma balanceada. “O chocolate deve ser consumido, mas com orientação, sem abusos”. E dá uma dica as mães, que podem mesclar chocolates com presentes, ao invés de só chocolates.
De acordo com Franz, é importante que a população tenha cuidado com os excessos, principalmente em relação a frituras e alimentos gordurosos. “A alimentação deve ser regrada mesmo em uma data como esta, deve-se evitar a reutilização da gordura e tomar bastante líquido”, acrescenta.
Antes de efetuar a compra de páscoa, o consumidor deve ficar bem atento a estética e apresentação dos produtos para que não comprem gato por lebre. Os fiscais da vigilância sanitária de Imbituba, Deliane, Leandro e Dalto Abilio Luiz, alertam a população quanto alguns cuidados que devem ser tomados na escolha do cardápio da semana santa. “Para os ovos de chocolate, deve-se prestar a atenção quanto ao prazo de validade, a forma de armazenamento (não pode estar misturado com outro tipo de produtos) e se forem ovos caseiros, deve-se dobrar a atenção para a procedência, se passou por uma análise da vigilância sanitária. Quanto aos pescados, é importante analisar de onde vieram, se é um local fiscalizado e a armazenagem, se está exposto de forma correta”, explica Luiz. Tirar o peixe do refrigerador só na hora que for preparar, evitar que sobre alimento para depois, e guardar o alimento na geladeira ainda quente; são algumas das dicas dos fiscais para evitar surpresas desagradáveis durante o feriado.
Os peixes de águas profundas e frias como: salmão, atum, bacalhau, arenque, cavalinha, sardinha, truta e os óleos de peixe, são as principais fontes de Omega-3. Para quem não gosta ou não inclui pescados ou os óleos de peixe no cardápio, as sementes de linhaça e o óleo de linhaça são as melhores alternativas como fonte de Omega-3. “O Omega-3 existente também nos pescados previne doenças cardiovasculares, problemas trombóticos e circulatórios além de baixar o colesterol ruim”, acrescenta Franz.
Para Franz, os erros na alimentação são adquiridos desde a infância, por isso é importante que os pais expliquem desde cedo o que deve ou não ser moderado. “O problema para os brasileiros é que desde crianças crescem com uma divulgação errada. A mídia faz apelo em propagandas de chips e refrigerante, mas pouco divulga a respeito de alimentação saudável. O mundo já se deu conta da tendência universal por alimentos orgânicos, agora nos cabe selecionar o que deve e não ser ingerido”.
Segundo dados da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o consumidor que perceber alguma irregularidade com qualquer tipo de alimentos, deve comunicar o serviço de vigilância sanitária. Caso seja identificada a irregularidade, os estabelecimentos podem sofrer penalidades chegando a multas de R$ 1,5 milhão. Para um feriado saudável, Franz aconselha uma alimentação equilibrada, dar preferência a produtos naturais, não industrializados e mesmo nos finais de semana e feriados manter a rotina de atividade física.
Receita para o almoço de páscoa
O Babilônia Eletrônika entrou em contato com um chefe de cozinha de um restaurante da praia do Rosa à procura de uma sugestão para o almoço de domingo de páscoa perfeito.
Rafael Miralha trabalha no ramo alimentício há dez anos e há cinco tem seu próprio negócio. Mesmo com tantos anos de praça, o jovem de 32 anos, natural de Porto Alegre e residente da praia do Rosa há nove, afirma que não se considera um chefe de cozinha. “Hoje em dia as pessoas fazem um curso técnico de culinária e se denominam chefe de cozinha. Para ser um chefe é necessária muita bagagem e experiência. Quem sabe daqui a uns 20 anos”, explica Miralha.
Para o restauranteur, como prefere ser chamado, o essencial em uma mesa de páscoa é buscar a tradição dessa data tão especial. Em função disso, ele sugere um prato trazido pela colonização portuguesa, mesclado a miscigenação negra e indígena, a Torta Capixaba, prato tradicionalmente apreciado durante a semana santa no Espírito Santo.
Rafael Miralha preparando prato flambado na cozinha de seu restaurante
Abaixo você confere a sugestão de Miralha. O rendimento da receita é para quatro pessoas:
Torta Capixaba
100g de lula
100g de polvo (pré-cozido)
100g de camarão
12 un. De ostra
100g de siri
200g de bacalhau
4 ovos
1 cebola roxa
4 azeitonas
4 tomates maduro
4 cebolas
1 maço de coentro
1 maço de cebolinha verde
4 dentes de alho
50 ml de óleo de Urucum ou coloral vermelho
20 ml de azeite de oliva
500 ml de água
Sal e pimenta preta á gosto
Panela de barro
Modo de preparo
Cortar o tomate e a cebola em cubos.
Refogar cebola no azeite de soja (bem dourado), de acordo com Rafael, “marrom da cor do verão”, adicionar o alho (triturado ou em pasta), com o óleo de urucum, mais o tomate e adicione a água. Refogando até formar borbulha, dando a impressão de um molho mais grosso.
Adicione o bacalhau e o siri, refogando por mais 5 min. Depois adicione a ostra, o camarão, o polvo e a lula por mais 5 min. e reserve. Finalize com o coentro e a cebolinha verde picada, temperando com sal, pimenta preta e azeite de oliva.
Em separado, bata as claras em neve e com a metade forre o fundo da panela de barro. Peneire o refogado para tirar o líquido e despeje sobre as claras e tape a panela. Logo depois complete o recipiente com o restante das claras em neve e cubra com rodelas finas de cebola roxa, decorando com as azeitonas. Para finalizar leve ao forno para dorar por 10 min. em 200ºC. Como acompanhamento, Miralha sugere arroz branco.
O médico Delni Renato Franz
Matéria impessa no jornal Popular Catarinense, quinta-feira, 09 de abril de 2009. Ano VIII - nº960 - Imbituba/SC
quinta-feira, abril 09, 2009
Competência técnica, responsabilidade social e compromisso ético
Para iniciar essa nova fase, o Babilônia Eletrônika traz profissional da comunicação para responder sobre temas que geram polêmica dentro da mídia, como ética, formação universitária, piso salarial e estágio
Imbituba
Tatiana Stock
Para homenagear os profissionais de comunicação e estudantes de jornalismo pelo dia do jornalista (sete de abril), o Babilônia Eletrônika colocou em pauta vários temas que rondam o meio jornalístico, como a questão do diploma, o piso salarial e as novas tecnologias. Para responder essas questões, entrevistou Darlete Cardoso, jornalista e coordenadora do Curso de Comunicação Social da Unisul, no campus de Tubarão. Com 51 anos de vida, e 33 voltados à profissão de jornalista, Darlete é graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo e em Administração, além de ser especialista em Jornalismo e mestre em Ciências da Linguagem.
Para a profissional, o jornalismo foi escolhido pelo encanto de informar. “Pela paixão de levar informação às pessoas, pela oportunidade de aprender todos os dias assuntos e áreas diferentes, pelo privilégio de conhecer pessoas com histórias das mais diversas, pelo desafio que é usar a palavra para transformar, mesmo que minimamente, a vida de alguém em algum sentido”, justifica Darlete. Abaixo você confere na íntegra a opinião da jornalista sobre o mercado da comunicação.
B - Darlete qual sua opinião sobre a obrigatoriedade do Diploma no jornalismo?
Considero muito importante a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalismo por várias razões: Primeiro, pelo fato de que a imprensa no Brasil ainda é bastante jovem, em relação a demais países desenvolvidos, como EUA e Europa, por exemplo. Considerando que a imprensa teve seu início no país com a Imprensa Régia, após a vinda da Família Real ao Brasil, em 1808. Então, temos "apenas" pouco mais de 200 anos, o que é pouco considerando a evolução que se precisa ter. Em segundo, vivemos vários períodos de ditadura, quando a imprensa sempre foi bastante afetada, através da censura. Podemos citar a própria Imprensa Régia, período em que era proibido qualquer tipo de manifestação que não fosse à oficial; o período da ditadura Vargas, de 1930 e por último a do governo militar. Considero que ainda estamos reaprendendo a ter liberdade de expressão. Pode-se dizer que hoje a imprensa vive um período de ditadura do capitalismo, que transforma a informação em mercadoria. Considerando todas essas questões, penso que a formação pode contribuir para a liberdade de expressão, para a responsabilidade e a ética no exercício profissional. Fazer jornalismo não é apenas uma questão de técnica, mas de ética, estética e conhecimento, no sentido filosófico mesmo, aproximando mais o jornalismo do estado da arte e pensando mais na sua contribuição com a cidadania. E nesse sentido, a formação universitária se torna importante, pois oferece essa base ao profissional.
B - E sobre o piso salarial para a categoria, por que até hoje não é levado à risca?
Hoje já temos um quadro melhor nesse sentido do pagamento do piso. Os veículos de comunicação que primam pela qualidade e credibilidade não podem prescindir de jornalistas melhor formados e conseqüentemente melhor remunerados. Ainda temos alguns casos, é verdade, de veículos que não respeitam a remuneração base de seus profissionais. Mas penso que tudo é uma questão de evolução. Em nossa região, por exemplo, ainda guardamos resquícios do tempo que quase não tínhamos profissionais formados. O curso de Jornalismo da Unisul, por exemplo, formou sua primeira turma em 1996, o que é pouco tempo para a transformação completa do mercado de trabalho.
B - E quanto ao estágio?
Temos algum avanço nessa questão do estágio. A Fenaj aprovou um documento Programa Nacional de Projetos de Estágio Acadêmico, que prevê regras para a realização do estágio pelo jornalista. Através desse programa, os estudantes de Jornalismo podem estagiar mediante acordo entre o Sindicato dos Jornalistas, universidade e empresa jornalística. Ainda temos poucos casos de estágios dentro dessa modalidade, tendo em vista a novidade do programa.
B - E a solução para o concorrido mercado de trabalho é o concurso público?
Primeiro, penso que a concorrência no mercado existe para todas as profissões. No jornalismo não é diferente. Por isso, a questão da profissionalização é fundamental para concorrer nesse mercado. No caso do concurso público, esta é uma das alternativas do mercado de trabalho. Uma alternativa interessante é o empreendedorismo, ou seja, a autonomia profissional. As novas tecnologias estão aí para mostrar que as iniciativas diferenciadas podem ser pensadas para a conquista de espaço no mercado. Nunca a comunicação foi tão importante como nos tempos atuais e as empresas estão em busca de maior visibilidade no mundo competitivo. Assim, aquele que apresentar alternativas interessantes pode assegurar seu espaço no mundo do trabalho.
B - Como você classifica o jornalismo na região sul de SC?
Classifico como um mercado em evolução e caminhando a passos largos para a profissionalização completa. Como mencionei acima, a formação profissional é recente, com a criação do curso de Jornalismo na Unisul. Nesse período, presenciamos uma transformação importante na região sul, com a criação de jornais diários, semanários, emissoras de TV (a Unisul TV é um exemplo), profissionalização das emissoras de rádio, jornalismo nas organizações e assessoria de imprensa em franco desenvolvimento, além de sites, portais e blogs noticiosos que a cada dia são colocados à disposição da sociedade. Sou bastante otimista em relação ao jornalismo e acredito que tivemos uma grande evolução nesse sentido. A própria sociedade, de forma geral, sabe reconhecer o veículo profissional do amador.
B - Que meios indica a população como comunicação de qualidade?
Qualquer meio pode ser de qualidade, se bem entendi a pergunta. Basta que ele seja produzido por profissionais competentes e preocupados com a informação que transmitem à sociedade.
B - Muito se discute dentro do jornalismo sobre novas tecnologias, a internet ainda é um dos temas de maior polêmica dentro da profissão, qual é a sua opinião sobre o web jornalismo, ele acabará com o jornal impresso? Por quê?
A internet é uma alternativa, por um lado, de acesso à informação, e por outro, de mercado de trabalho. Talvez um dos meios mais democráticos de transmissão e recepção de informação, ainda que nem todos tenham acesso. Também sou otimista em relação a essa polêmica: penso que o impresso ainda tem uma vida longa. Precisamos, na verdade, é repensar o jornalismo impresso para que ele se torne mais analítico e contextualizado. As pessoas vão à internet, como vão à TV e ao rádio, buscar informações, mas é no impresso que pode ter a interpretação, a transformação da informação em conhecimento da realidade social.
B - E em relação à TV digital, como ficará o jornalismo? Quais serão as percas e os ganhos desse novo instrumento?
Ainda é muito cedo para uma avaliação segura da TV digital. O que sabemos hoje é que é uma realidade e temos de nos preparar para ela. Inicialmente, podemos dizer que pode trazer uma contribuição importante para a democratização da informação. Mas o que temos hoje ainda está no nível técnico. Não pensamos ainda em conteúdos para a TV digital. Entretanto, isso faz parte do próprio processo. Com a internet foi assim: ficamos algum tempo sem saber como seria o jornalismo nessa mídia. Hoje já temos um desenho bastante profissional em muitos casos. Com a TV digital também será assim. No curso de Comunicação Social da Unisul já estamos pensando na preparação profissional para a nova mídia. Adotamos uma disciplina no curso de Jornalismo de Mídias Digitais, que entra na quarta fase do curso. Estamos também finalizando uma pós-graduação, Cibermídia, que vai trabalhar as questões que envolvem o mundo digital, preparando profissionais para atuar nesse mercado.
B - Qual sua opinião sobre jornalistas que arriscam a vida por uma notícia? Como o caso da jornalista americana de origem iraniana Roxana Saberi, detida há quase dois meses no Irã, escrevendo um livro sobre o país e cursando mestrado em política iraniana.
Acredito que quando o jornalista é um apaixonado pela sua profissão e por levar a informação verdadeira à sociedade ele não pensa muito nos riscos nestes tipos de cobertura (guerras, conflitos, etc). Todas as profissões têm seus riscos, de certa forma. Os valores profissionais, nesses casos, estão acima dos riscos. No entanto, prudência e bom senso são sempre bem vindos para quem vai fazer uma cobertura em áreas de conflitos.
B - Hoje como dia do jornalista qual sua avaliação sobre os meios de comunicação de massa no mundo e no Brasil?
Acho que a discussão da questão do diploma é bem oportuna nesta data. Os jornalistas não podem perder essa oportunidade de colocar o tema em discussão e mostrar à sociedade a importância de uma imprensa profissional e à serviço da sociedade, que é o que o jornalismo faz: prestar um serviço público, ou seja, levar informações à sociedade. É uma oportunidade também de refletirmos sobre nossa atuação, se estamos cumprindo o juramento que fizemos no dia da formatura, se estamos colocando nossos saberes a serviço da sociedade. A sociedade, por outro lado, pode também avaliar criticamente se o que consome de informação está ajudando a sua vida para que possa escolher melhor os meios que vai acessar. Enfim, é um dia de reflexão para todos.
B - Podemos dizer que a população tem livre acesso a informação?
Penso que sim, apesar de muitas vezes nem saber disso (risos). Brincadeiras à parte, o acesso à informação é livre sim, porque a pessoa pode trocar a canal da TV ou mesmo desligá-la, pode trocar a emissora de rádio ou simplesmente desligá-lo também. Pode escolher o jornal que vai ler todos os dias. Pode diversificar lendo revistas das mais variadas procedências. E aqueles que têm computador e internet, nem se fala: podem acessar milhões de informações.
B - Uma mensagem a todos os jornalistas independente da área escolhida.
Gostaria de deixar uma mensagem de otimismo em relação à profissão, que é apaixonante e de grande responsabilidade social. Ainda que a profissão seja desregulamentada, como se está discutindo atualmente, os veículos e as empresas ainda vão precisar de profissionais competentes e diferenciados, porque a comunicação vai continuar sendo, sempre e mais, fundamental na vida das pessoas. A nossa profissão exige conhecimento, empatia, seriedade e responsabilidade porque lida com algo sensível que é comunicação, sempre tão questionada tanto pelo excesso quanto pela falta. Assim, conscientes do papel da comunicação, poderemos prestar um serviço muito melhor às pessoas e contribuir para a transformação social num mundo tão desigual e injusto.
“Pois o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e torná-lo humano por sua confrontação descarnada com a realidade. Ninguém que não tenha sofrido pode imaginar essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida. Ninguém que não tenha vivido pode conceber sequer o que é essa palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo das primícias, a demolição moral do fracasso. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderá persistir num ofício tão incompensável e voraz, cuja obra se acaba depois de cada notícia como se fora para sempre, mas que não permite um instante de paz enquanto não recomeçar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte".
Gabriel Garcia Márquez
Jornal Popular Catarinense, quinta-feira, 09 de abril de 2009. Edição nº960 - Ano VIII - Imbituba/SC
Imbituba
Tatiana Stock
Para homenagear os profissionais de comunicação e estudantes de jornalismo pelo dia do jornalista (sete de abril), o Babilônia Eletrônika colocou em pauta vários temas que rondam o meio jornalístico, como a questão do diploma, o piso salarial e as novas tecnologias. Para responder essas questões, entrevistou Darlete Cardoso, jornalista e coordenadora do Curso de Comunicação Social da Unisul, no campus de Tubarão. Com 51 anos de vida, e 33 voltados à profissão de jornalista, Darlete é graduada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo e em Administração, além de ser especialista em Jornalismo e mestre em Ciências da Linguagem.
Para a profissional, o jornalismo foi escolhido pelo encanto de informar. “Pela paixão de levar informação às pessoas, pela oportunidade de aprender todos os dias assuntos e áreas diferentes, pelo privilégio de conhecer pessoas com histórias das mais diversas, pelo desafio que é usar a palavra para transformar, mesmo que minimamente, a vida de alguém em algum sentido”, justifica Darlete. Abaixo você confere na íntegra a opinião da jornalista sobre o mercado da comunicação.
B - Darlete qual sua opinião sobre a obrigatoriedade do Diploma no jornalismo?
Considero muito importante a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalismo por várias razões: Primeiro, pelo fato de que a imprensa no Brasil ainda é bastante jovem, em relação a demais países desenvolvidos, como EUA e Europa, por exemplo. Considerando que a imprensa teve seu início no país com a Imprensa Régia, após a vinda da Família Real ao Brasil, em 1808. Então, temos "apenas" pouco mais de 200 anos, o que é pouco considerando a evolução que se precisa ter. Em segundo, vivemos vários períodos de ditadura, quando a imprensa sempre foi bastante afetada, através da censura. Podemos citar a própria Imprensa Régia, período em que era proibido qualquer tipo de manifestação que não fosse à oficial; o período da ditadura Vargas, de 1930 e por último a do governo militar. Considero que ainda estamos reaprendendo a ter liberdade de expressão. Pode-se dizer que hoje a imprensa vive um período de ditadura do capitalismo, que transforma a informação em mercadoria. Considerando todas essas questões, penso que a formação pode contribuir para a liberdade de expressão, para a responsabilidade e a ética no exercício profissional. Fazer jornalismo não é apenas uma questão de técnica, mas de ética, estética e conhecimento, no sentido filosófico mesmo, aproximando mais o jornalismo do estado da arte e pensando mais na sua contribuição com a cidadania. E nesse sentido, a formação universitária se torna importante, pois oferece essa base ao profissional.
B - E sobre o piso salarial para a categoria, por que até hoje não é levado à risca?
Hoje já temos um quadro melhor nesse sentido do pagamento do piso. Os veículos de comunicação que primam pela qualidade e credibilidade não podem prescindir de jornalistas melhor formados e conseqüentemente melhor remunerados. Ainda temos alguns casos, é verdade, de veículos que não respeitam a remuneração base de seus profissionais. Mas penso que tudo é uma questão de evolução. Em nossa região, por exemplo, ainda guardamos resquícios do tempo que quase não tínhamos profissionais formados. O curso de Jornalismo da Unisul, por exemplo, formou sua primeira turma em 1996, o que é pouco tempo para a transformação completa do mercado de trabalho.
B - E quanto ao estágio?
Temos algum avanço nessa questão do estágio. A Fenaj aprovou um documento Programa Nacional de Projetos de Estágio Acadêmico, que prevê regras para a realização do estágio pelo jornalista. Através desse programa, os estudantes de Jornalismo podem estagiar mediante acordo entre o Sindicato dos Jornalistas, universidade e empresa jornalística. Ainda temos poucos casos de estágios dentro dessa modalidade, tendo em vista a novidade do programa.
B - E a solução para o concorrido mercado de trabalho é o concurso público?
Primeiro, penso que a concorrência no mercado existe para todas as profissões. No jornalismo não é diferente. Por isso, a questão da profissionalização é fundamental para concorrer nesse mercado. No caso do concurso público, esta é uma das alternativas do mercado de trabalho. Uma alternativa interessante é o empreendedorismo, ou seja, a autonomia profissional. As novas tecnologias estão aí para mostrar que as iniciativas diferenciadas podem ser pensadas para a conquista de espaço no mercado. Nunca a comunicação foi tão importante como nos tempos atuais e as empresas estão em busca de maior visibilidade no mundo competitivo. Assim, aquele que apresentar alternativas interessantes pode assegurar seu espaço no mundo do trabalho.
B - Como você classifica o jornalismo na região sul de SC?
Classifico como um mercado em evolução e caminhando a passos largos para a profissionalização completa. Como mencionei acima, a formação profissional é recente, com a criação do curso de Jornalismo na Unisul. Nesse período, presenciamos uma transformação importante na região sul, com a criação de jornais diários, semanários, emissoras de TV (a Unisul TV é um exemplo), profissionalização das emissoras de rádio, jornalismo nas organizações e assessoria de imprensa em franco desenvolvimento, além de sites, portais e blogs noticiosos que a cada dia são colocados à disposição da sociedade. Sou bastante otimista em relação ao jornalismo e acredito que tivemos uma grande evolução nesse sentido. A própria sociedade, de forma geral, sabe reconhecer o veículo profissional do amador.
B - Que meios indica a população como comunicação de qualidade?
Qualquer meio pode ser de qualidade, se bem entendi a pergunta. Basta que ele seja produzido por profissionais competentes e preocupados com a informação que transmitem à sociedade.
B - Muito se discute dentro do jornalismo sobre novas tecnologias, a internet ainda é um dos temas de maior polêmica dentro da profissão, qual é a sua opinião sobre o web jornalismo, ele acabará com o jornal impresso? Por quê?
A internet é uma alternativa, por um lado, de acesso à informação, e por outro, de mercado de trabalho. Talvez um dos meios mais democráticos de transmissão e recepção de informação, ainda que nem todos tenham acesso. Também sou otimista em relação a essa polêmica: penso que o impresso ainda tem uma vida longa. Precisamos, na verdade, é repensar o jornalismo impresso para que ele se torne mais analítico e contextualizado. As pessoas vão à internet, como vão à TV e ao rádio, buscar informações, mas é no impresso que pode ter a interpretação, a transformação da informação em conhecimento da realidade social.
B - E em relação à TV digital, como ficará o jornalismo? Quais serão as percas e os ganhos desse novo instrumento?
Ainda é muito cedo para uma avaliação segura da TV digital. O que sabemos hoje é que é uma realidade e temos de nos preparar para ela. Inicialmente, podemos dizer que pode trazer uma contribuição importante para a democratização da informação. Mas o que temos hoje ainda está no nível técnico. Não pensamos ainda em conteúdos para a TV digital. Entretanto, isso faz parte do próprio processo. Com a internet foi assim: ficamos algum tempo sem saber como seria o jornalismo nessa mídia. Hoje já temos um desenho bastante profissional em muitos casos. Com a TV digital também será assim. No curso de Comunicação Social da Unisul já estamos pensando na preparação profissional para a nova mídia. Adotamos uma disciplina no curso de Jornalismo de Mídias Digitais, que entra na quarta fase do curso. Estamos também finalizando uma pós-graduação, Cibermídia, que vai trabalhar as questões que envolvem o mundo digital, preparando profissionais para atuar nesse mercado.
B - Qual sua opinião sobre jornalistas que arriscam a vida por uma notícia? Como o caso da jornalista americana de origem iraniana Roxana Saberi, detida há quase dois meses no Irã, escrevendo um livro sobre o país e cursando mestrado em política iraniana.
Acredito que quando o jornalista é um apaixonado pela sua profissão e por levar a informação verdadeira à sociedade ele não pensa muito nos riscos nestes tipos de cobertura (guerras, conflitos, etc). Todas as profissões têm seus riscos, de certa forma. Os valores profissionais, nesses casos, estão acima dos riscos. No entanto, prudência e bom senso são sempre bem vindos para quem vai fazer uma cobertura em áreas de conflitos.
B - Hoje como dia do jornalista qual sua avaliação sobre os meios de comunicação de massa no mundo e no Brasil?
Acho que a discussão da questão do diploma é bem oportuna nesta data. Os jornalistas não podem perder essa oportunidade de colocar o tema em discussão e mostrar à sociedade a importância de uma imprensa profissional e à serviço da sociedade, que é o que o jornalismo faz: prestar um serviço público, ou seja, levar informações à sociedade. É uma oportunidade também de refletirmos sobre nossa atuação, se estamos cumprindo o juramento que fizemos no dia da formatura, se estamos colocando nossos saberes a serviço da sociedade. A sociedade, por outro lado, pode também avaliar criticamente se o que consome de informação está ajudando a sua vida para que possa escolher melhor os meios que vai acessar. Enfim, é um dia de reflexão para todos.
B - Podemos dizer que a população tem livre acesso a informação?
Penso que sim, apesar de muitas vezes nem saber disso (risos). Brincadeiras à parte, o acesso à informação é livre sim, porque a pessoa pode trocar a canal da TV ou mesmo desligá-la, pode trocar a emissora de rádio ou simplesmente desligá-lo também. Pode escolher o jornal que vai ler todos os dias. Pode diversificar lendo revistas das mais variadas procedências. E aqueles que têm computador e internet, nem se fala: podem acessar milhões de informações.
B - Uma mensagem a todos os jornalistas independente da área escolhida.
Gostaria de deixar uma mensagem de otimismo em relação à profissão, que é apaixonante e de grande responsabilidade social. Ainda que a profissão seja desregulamentada, como se está discutindo atualmente, os veículos e as empresas ainda vão precisar de profissionais competentes e diferenciados, porque a comunicação vai continuar sendo, sempre e mais, fundamental na vida das pessoas. A nossa profissão exige conhecimento, empatia, seriedade e responsabilidade porque lida com algo sensível que é comunicação, sempre tão questionada tanto pelo excesso quanto pela falta. Assim, conscientes do papel da comunicação, poderemos prestar um serviço muito melhor às pessoas e contribuir para a transformação social num mundo tão desigual e injusto.
“Pois o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e torná-lo humano por sua confrontação descarnada com a realidade. Ninguém que não tenha sofrido pode imaginar essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida. Ninguém que não tenha vivido pode conceber sequer o que é essa palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo das primícias, a demolição moral do fracasso. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderá persistir num ofício tão incompensável e voraz, cuja obra se acaba depois de cada notícia como se fora para sempre, mas que não permite um instante de paz enquanto não recomeçar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte".
Gabriel Garcia Márquez
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Depois de um longo break, o Babilônia Eletrônika volta à ativa agora em nova casa
Local da mais nova cede do Babilônia Eletrônika. Praia da Vila - Imbituba/SC - Brasil
NAMASTÊ!
Para quem estava com saudade, uma boa notícia, a partir dessa primeira quinzena de abril o blog Babilônia Eletrônika retorna a seus postos com o intuito de trazer informação, questionamentos, acontecimentos e muita cultura! Atualizado semanalmente, sempre com um texto, uma entrevista, o vídeo de alguma festa ou fotos de algo interessante e que vale a pena ser documentado.
Durante todos os meses que esteve no ar, muita coisa aconteceu: festas, festivais, shows, entrevistas, bate-papos, imagens e mais imagens, cenas únicas, momentos incríveis. Muito material foi aproveitado e infelizmente vários foram perdidos, como o incidente que roubaram a câmera da organização do festival Tandava com várias entrevistas, mas em contrapartida muita coisa fluiu e está tudo ai. Afinal o Babilônia Eletônika tem o intuito de ser uma mídia livre, independente e por esse motivo não tem a mínima intenção de reter informação, pelo contrário, o Babilônia Eletrônika quer trazer sempre algo novo e interessante de forma informal, descontraída, informativa e jovem.
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William Clement Stone