“Ainda existe resistência da população em relação ao preservativo mesmo gratuito em todos os postos de saúde”, frisa Janete
Dos preservativos distribuídos, só 10% é recolhido pela população
Tubarão
Tatiana Stock
A Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) não é comum só em grupos de riscos como há alguns anos. Atualmente, o vírus passou a se espalhar de forma geral, sem distinção alguma sobre grupo social. E mesmo sendo um tema bem difundido a população ainda não se previne.
Em meio ano já se ultrapassou o número de casos de infectados por HIV em relação aos últimos dois anos em toda a região da Amurel.“É alarmante a falta na procura por proteção, as pessoas esquecem que além da gravidez e da Aids, o preservativo é uma segurança para todas as doenças sexualmente transmissíveis”, alerta Janete Zandomenico, enfermeira do programa de DST/AIDS da 20º Vigilância Epidemiológica de Tubarão.
Em 2007 foram notificados 94 casos, em 2008, 81 e em 2009, entre os meses de janeiro a julho, 102 casos foram confirmados em toda a Amurel, apresentando um aumento significativo no primeiro período de 2009. “Deve-se pensar três vezes mais, pois a cada pessoa que admite ter o vírus, três estão no anonimato”, explica a assistente social da Unidade Sanitária de Saúde de Imbituba, Marcela Leal.
Hoje além dos perfis convencionais, crianças, mães de família e pessoas da terceira idade possuem o vírus. O número de infectados por HIV tem aumentado proporcionalmente, principalmente entre as mulheres. “Geralmente quem é casado a 20, 30 anos não tem o costume de usar camisinha e na maioria das vezes o marido trai a esposa e acaba trazendo o vírus para dentro de casa”, explica Marcela.
Rachel Copetti Véras, enfermeira responsável pela 19ª Vigilância Epidemiológica, diz que por vergonha grande parte das pessoas de cidades pequenas vão a outras localidades se tratar por medo de serem reconhecidas.
ENQUETE
A opinião dos tubaronenses sobre o uso do preservativo:• Valdirene Golart Machado, 23, caixa de loja. “Sou casada há três anos e não uso camisinha, confiamos um no outro e é muito incômodo”.
• Renan Cardoso, 17, estudante. “Não tenho namorada, então sempre uso camisinha”.
• Iraci Sabiatto Redivo, 52, escrituraria e viúva. “Uso preservativo em todas as relações, mas sou ciente de que a maioria da minha idade não faz uso”.
• Silas Pereira, 46, assessor parlamentar. “Não uso preservativo porque eu e minha esposa somos fiéis um ao outro”.
• Lucas Machado, 17, estudante. “Tenho namorada e sempre usamos camisinha, mas sei que muita gente por estar namorando deixa de usar”.
FOTO: Cristian Medeiros
Matéria impressa no jornal Notisul,Nº 2.748, ANO 10, quinta-feira, 6 de agosto.