A Exploração Sexual Infanto-Juvenil afeta todas as camadas sociais e acontece na maioria dos casos dentro de casa
Equipe Sentinela, da esq. para a dir. Maria das Graças Martins, Mariane Luize de Oliveira, Rosiane da Silva , Luizete Espezim de Amorim Correa, Leda Maria Pamato Santana e Kátia Regina Rapp de Souza.
Imbituba
Tatiana Stock
Na segunda-feira (18) foi o dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infanto-Juvenil. O grupo Sentinela (Programa de combate à Violência infanto-juvenil, com ênfase no abuso e/ou exploração sexual) esteve presente no centro da cidade distribuindo panfletos e informando a população sobre a importância dessa data, que atinge grande parte das famílias brasileiras e alertando sobre o que deve ser feito quando detectado um ato de violência infanto-juvenil.
De acordo com a coordenadora do projeto, Leda Maria Pamato Santana, é perceptível quando uma criança sofre abusos dentro de casa. “Em casa é gritante a mudança de comportamento, ou a criança se isola, ou fica agressiva, além disso, desperta o interesse para a sexualidade”. Leda relembra um caso onde a criança era abusada desde pequena, e só com 12 anos de idade que descobriu na escola, em uma aula de ciências, que os carinhos e toques recebidos durante sua vida, não eram normais.
A psicóloga, Rosiane da Silva, explica o tratamento psicológico é de suma importância nesses casos, pois no futuro, a grande maioria das vítimas se torna agressor, e outros adquirem seqüelas para toda a vida. “Na adolescência o jovem pode não saber que opção sexual seguir, ter dificuldades de se relacionar e até se prostituir”, conta.
Já a coordenadora, alerta que quando comprovado, o abusador tem que sair de casa. “Aqui é fato, já atendemos famílias que partindo da avó, até o neto sofrem violência Isso porque a avó não foi tratada, e o problema foi se agravando com o passar do tempo”.
Por isso é importante que a denúncia seja realizada o mais rápido possível, para que o menor tenha atendimento e principalmente para que o responsável não repita o abuso.
Os três tipos mais comum de violência: o abuso intra-familiar - praticado por membros da família (pais, padrastos, tios, avós ou primos) ou pessoas próximas a ela; abuso praticado por desconhecido - na maioria dos casos ocorre em lugares pouco habitados, quase sempre com violência; exploração sexual comercial , ocorre por meio de agenciamento de crianças e adolescentes através de favores sexuais. Desses, o mais comum na região, são os realizados pelos próprios familiares da vítima, dentro ou perto de casa. Após a denúncia, os casos são encaminhados ao Conselho Tutelar e de lá, analisados e encaminhados ao Sentinela.
Em casos de gravidez proveniente de estupro, por lei a mulher pode abortar, e se isso acontecer com uma menor de idade, o procedimento é o mesmo. “Para a família é difícil conseguir lidar com o fruto de um incesto, depende muito da situação da família e de como a criança vai reagir. Durante o tratamento são trabalhados os traumas e a vítima aprende a lidar com que passou. Em média, são necessários cinco anos para a vítima perceber que aquilo já aconteceu”, salienta a psicóloga.
“Grande parte das pessoas desistem. Muitas vezes as famílias não querem mexer no que já ocorreu, mas a denúncia deve ser feita o mais rápido possível para que não se repita”, esclarece Leda.
Programa Sentinela
(Programa de combate à Violência infanto-juvenil, com ênfase no abuso e/ou exploração sexual) é custeado pelos governos estadual e municipais, mas são os municípios que ficam responsáveis pela gestão do programa, que na cidade é vinculado a Secretaria de desenvolvimento social, trabalho e habitação (SEDESTH). Com acompanhamento sócio-familiar, existe desde 2001 e atualmente atende 117 crianças e adolescentes. A equipe é formada por uma coordenadora, uma psicóloga, uma assistente social, duas educadoras sociais e a equipe de apoio. De seu surgimento até agora são poucos os casos de exploração sexual comercial, segundo confirmação do programa de 2 a 3 registrados até o momento, mas o número é alarmante se pensar em quantos jovens já passaram pelo projeto que gira em torno de 2ooo. Muitos infelizmente voltaram a ser violentados. “Grande parte das pessoas desistem. Muitas vezes as famílias não querem mexer no que já ocorreu, tenta encobrir, mas a denúncia deve ser feita o mais rápido possível para que não se repita”, esclarece Leda.
Conselho Tutelar
Conforme o Conselho Tutelar de Imbituba, em média por semana são atendidos de 12 a 15 casos, e muitos desses, encaminhados ao Sentinela.
Aline Fortunato, conselheira tutelar, explica que por ser uma cidade pequena, as pessoas costumam abafar o caso, com medo que caia na boca das pessoas. É importante ressaltar que detectado esse tipo de agressão, é mantido sigilo absoluto entre a vítima, a família e o órgão responsável.
Se você é vítima ou conhece alguma criança ou adolescente vítima de violência ou exploração sexual, denuncie pelos telefones: 3355-8371 (Conselho Tutelar), ou pelo disk 100 ou 156.
Fotos:Tatiana Stock
Matéria impresa no Jornal Popular Catarinense, Ano VIII, nº970, Imbituba - SC, terça-feira, 19 de maio de 2009.
terça-feira, maio 19, 2009
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