sexta-feira, julho 24, 2009

Em média 4% da população tem HIV positivo em Imbituba

Preconceito e auto-preconceito são os tabus vividos por portadores e pessoas que convivem com a Aids


“Ainda existe resistência da população em relação ao preservativo”, frisa a assistente social.

Imbituba

Tatiana Stock


A Aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) não é comum só em grupos de riscos como há alguns anos, atualmente, o vírus passou a se espalhar de forma geral, sem distinção alguma sobre grupo social. Hoje além dos homens homossexuais, usuários de drogas injetáveis, profissionais do sexo, travestis e hemofílicos, caminhoneiros, crianças, mães de família, pessoas da terceira idade possuem o vírus.
Segundo dados da Unidade Sanitária de Saúde de Imbituba, durante o mês de junho a cidade registrou 471 infectados pelo vírus. De acordo com assistente social da instituição, Marcela Leal, esse número deve ser multiplicado por três. “A partir desse valor deve pensar três vezes mais, pois a cada pessoa que vem aqui e admite ter o vírus, três estão no anonimato”, explica Marta, que informa também que desses 128 são homens, 111 mulheres e 33 crianças, fora o número de mortos e em abandono, que deixaram de comparecer ao tratamento.
De acordo com assistente social, por ser uma cidade portuária, isso aumenta as possibilidades e o contágio. “O porto interfere totalmente nos números, isso em decorrência da grande quantidade de homens que vem de rotas internacionais, e que procuram as profissionais do sexo”, enfatiza Marcela Leal. Segundo ela, as prostitutas usam preservativo mas, muitos homens pagam a mais para que elas não usem. A profissional aponta a BR 101 e os caminhoneiros como outros focos de grande risco. “Quando chegam navios, ou quando há filas de caminhoneiros e congestionamento na BR as profissionais do sexo, não só da cidade mas de toda a região vem para Imbituba a procura de trabalho”. Marcela diz que uma ação de redução de danos nesse caso é a distribuição de preservativos em pontos estratégicos, o que é muito realizado pelas ONGs da cidade.
O número de infectados por HIV tem aumentado proporcionalmente nos últimos anos, principalmente entre as mulheres. Atualmente muitas mulheres casadas há anos, estão com o vírus. Isso segundo Marta acontece muito. “Geralmente quem é casado a 10, 20, 30 anos não tem o costume de usar camisinha e na maioria das vezes o marido trai a esposa e acaba trazendo o vírus para dentro de casa”. A assistente social alerta que quando o casal tem AIDS, devem utilizar preservativo em todas as relações. “Se não usam a camisinha, um interfere no tratamento do outro o tempo todo, o que pode trazer males ainda maiores”.
Além desse exemplo Marta citou também as viúvas de terceira idade que não tem o costume de usar camisinha e são alvos de homens mais novos. Outro exemplo são algumas mulheres muito ligadas a religião que deixam de tomar os medicamentos porque crêem que Deus irá cura-las. “Conviver com a sensação é muito difícil, principalmente pelo preconceito, a associação com a morte e a resistência em aceitação”, explica Marta.
Joselito Sena, presidente da ONG Força Positiva, que aborda a adesão ao tratamento com atividades físicas, cuidados na alimentação e tudo para que a pessoa com o vírus saiba conviver com ele e ser feliz.

Imbituba - mês de junho:
471 infectados, desses 111 mulheres e 128 homens.
Homens: 61 mortes e 84 em abandono
Mulheres: 20 mortes e 60 em abandono
Atendimento médico: cerca de 160
Atendimento social e psicológico:entre 350 e 400 (incluso visitas e telefonemas).
Crianças: de 0 – 5 anos: 14 (expostas de mãe positiva), 6 (sendo investigadas), essas o Estado tem o poder de ir atrás.
5 – 14 anos: 4 (em tratamento), 1 (em abandono), 1 (adolescente em acompanhamento) e 7 (investigação – sumiram).
“Nós não podemos bater na porta, mas as o conselho tutelar, o PSF e o hospital infantil sim”.

Informações:
Ong – Força Positiva – 3356-0441 – WWW.forcapositiva.com.br
ISO – 3255-1652 / 3255-2562 / 3255-5426
Unidade Sanitária Central – 3255-2859 / 35-255-3518
WWW.portal.saude.gov.br/saude/


Foto: Tatiana Stock

Matéria impressa no jornal Popular Catarinense, ANO VIII, nº 989, sexta-feira, 24 de julho de 2009.

Um comentário:

Diógenes Otimista de Souza disse...

É quando a diversão acaba em pesadelo...
Excelente matéria!

"Qualquer coisa que a mente do homem pode conceber, pode, também, alcançar." 
William Clement Stone