terça-feira, outubro 13, 2009

Proteção ambiental e desenvolvimento econômico de mãos dadas

Meio Ambiente



O monitoramento de baleias Franca além de contribuir para o estudo da espécie prova que homem pode evoluir sem prejudicar o ecossistema






Imbituba

Tatiana Stock



O monitoramento de cetáceos imposto ao Porto de Imbituba pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para que as atividades não prejudique a reprodução das baleias Franca está funcionando em harmonia com a retomada total das atividades portuárias.
Com a paralisação exigida pelo ICMBio, muitos funcionários foram demitidos, mas agora, três meses após a primeira paralisação, meio ambiente e economia estão lado a lado.
O funcionário que trabalha na montagem do bate-estaca Rodrigo Machado explicou que durante o período de estagnação das máquinas muitos colegas perderam seus empregos por falta de trabalho. “A maioria do pessoal que conheço foi mandado embora. No início foi difícil, mas agora entendo que de forma consciente sem agredir a natureza é muito melhor”, anlisa. Desde a implantação do sistema de monitoramento, Rodrigo é encarregado de transportar o equipamento e hastear as bandeiras de aviso em caso de avistar alguma baleia.

Como funciona o sistema

Para o monitoramento foram estipulados três áreas prioritárias de monitoramento, onde equipes de biólogos acompanham durante o horário de funcionamento do porto a movimentação das baleias. A principal região, é a do morro do costão do porto, logo depois, o morro do farol, no bairro Vila Nova Alvorada e a terceira, na praia da Ribanceira. Em torno do porto existe também os avisos com bandeiras. Cada cor determina a distância dos cetáceos em relação ao bate-estacas. A bandeira verde - sobreaviso um (de 3 a 4 km), bandeira amarela (de 2 a 3 km) e na cor vermelha, área de segurança (com até 2km).
De acordo com a técnica de meio ambiente e responsável pelos avisos de bandeiras Alura Trindade Camargo, cada estaca leva de meia hora a uma hora e meia para ser cravada, por isso a importância da precisão das informações. “Tudo depende da distancia, se parar eles perdem a estaca”, acrescenta Alura.




Baleias

Na última sexta-feira (9), foi avistado o maior número de cetáceos, 26 entre fêmeas e filhotes.
A gerente de campo do projeto baleia Franca, Audrey Amorim Corrêa informou que poucos cetáceos entraram na área de segurança desde o início do monitoramento. “Desde o retorno as atividades não foi necessário parar o bate-estaca nenhuma vez”, comentou.
A temporada de reprodução das baleias Franca segue até 30 de novembro. “Por ser uma espécie ameaçada de extinção, o monitoramento é de extrema necessidade e importância. Isso porque analisa o deslocamento, o número e o comportamento dos animais, desde o trajeto realizado pelo grupo ao intervalo respiratório”, explicou Audrey.
Ao final dos quatro meses de trabalho em campo, a equipe pretende ter mais informações sobre a espécie. “Percebemos que a praia da Ribanceira e Ibiraquera, são os berçários prediletos, com maior concentração de baleias”, analisa Audrey.
O programa foi proposto pela administração do porto, com uma metodologia desenvolvida pelo projeto baleia Franca, com coordenação da Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA) e o Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), ambos órgãos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Além do apoio da Companhia Docas de Imbituba, Tecon Imbituba e a construtora Andrade Gutierrez.




Histórico
O Porto de Imbituba paralisou as obras de recuperação dos molhes, ampliação do cais e dragagem em 8 de julho, logo depois, em 13 de agosto foi embargo pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Só um mês depois foi liberado a continuidade de todas as atividades desenvolvidas, mas só em nove de outubro que o Porto de Imbituba retomou 100% das atividades.

Fotos: Tatiana Stock

Matéria impressa no jornal Popular Catarinense, ano 8, nº 1012, terça-feira, 13 de outubro de 2009.







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