terça-feira, setembro 16, 2008

Tribaltech supera expectativas e pode se tornar um festival no futuro

Som, cor, imagem, tecnologia e diversão em completa harmonia.

Às dez da manhã abriram-se os portões da fazenda Heimari, e de mancinho os primeiros bpms começaram a surgir. Ainda com o frio da capital paranaense os Djs curitibanos abriram as pistas do evento que seria nas próximas 20 horas a maior celebração da música eletrônica no sul do país.
Desde o início da festa vários funcionários auxiliavam os carros no estacionamento que suportava até quatro mil veículos. A portaria foi bem dividida de acordo com o local determinado no ingresso: mainstage, backstage ou camarote. Não houve transtornos para entrar na festa. Logo na entrada já se via o parque de diversões que era livre para quem tivesse a pulseira do backstage ou camarote, ou para quem comprasse o ticket por dez reais.
Aos poucos os 80 mil watts de potência começam a dar vida ao local. A pista principal ganha energia com as batidas de tech house do DJ e produtor do evento, Jeje. Rodrigo Nickel abre o Lado B Stage com traços minimalescos. E a tenda 3 Plus/Mag é embalada ao som do DJ Bira. “Foi bacana abrir a pista. As pessoas que chegaram cedo puderam conferir o backstage ainda enchendo, gente bonita dançando e curtindo o som”, empolga-se Bira.
Ele que vem acompanhando a festa a cada edição afirma que melhora a cada ano. “Isso acontece porque os proprietários têm a visão que em um futuro próximo eles possam oferecer o que a de melhor ao público de todos os tipos de música eletrônica, sempre inovando com tecnologia, artistas e buscando surpreender com alguma novidade”, completa o Dj.
Com a decoração voltada à tecnologia, com torre de leds, cubos coloridos e telões com imagens psicodélicas de alta definição encheram os olhos do público que observava atentamente a cada detalhe. Caminhando em meio à multidão era uma constante escutar um ou outro elogiando e desacreditando a beleza tecnológica proporcionada em todos os cantos da festa.
Uma estrutura gigantesca ocupava o centro da pista principal com um bungee dome, que divertia os aventureiros vidrados em adrenalina a dar giros e mais giros ao som de: Sub 6, Bizarre Contact live, Wrecked Machines (live), Dali (live), Atomiculture (live), Dimitri Nakov (live), Headroom (live), X-Dream (live), Oliver Klein, Anthony Rother (live), Gustavo Bravetti (live), Audio Jack, Trick and Kubic e Boris Brejcha (live).
O projeto de full on trance da África do Sul, Headroom trouxe à pista a essência das festas open air de antigamente. O DJ que entrou em total conexão com o público afirmou que para ele é difícil acreditar que tantas pessoas gostem de sua música. “Essa festa é única, não existe isso em outros lugares do mundo, estou muito feliz por estar fazendo parte disso”, alegra-se Headroom.
Kátia Silva, que estava curtindo o mainstage com seus dois irmãos, ficou admirada com o som e com a estrutura da festa. “Nossa está tudo perfeito”, alegra-se a jovem que afirma estar sempre presente nas edições da Tribaltech.
Além dos brinquedos, durante toda a festa houve vôos de helicóptero e saltos de bungee jump. Com o decorrer das horas as filas cresciam gradativamente, mas com o som sempre presente a galera não perdeu a motivação e teve gente que saindo de um brinquedo já entrava na fila de outro. Como foi o caso de Bruna Riella, moradora da praia do Rosa em SC, que veio especialmente para festa. “Esses brinquedos são uma delícia, não dá vontade de parar”, confessa.
Na pista Lado B Stage: Rodrigo Nickel, Dimitri Nakov, Dahan, Gabe live, Gabe dj set, Perfect Stranger dj set, Gugha, Rodrigo Carreira e Rolldabeetz trouxeram as novas tendências do minimal techno.
Por volta das 19h, o som psicodélico e progressivo de Yuli Fershtat, do projeto Perfect Stranger, traz um novo ritmo ao Lado B Stage e faz com que a lotada pista alternativa faça movimentos sincronizados transformando todos em um só elemento. “Essa festa está maravilhosa, foi a melhor de todas as vezes que já toquei longe de casa”, conclui o israelense que afirma amar o Brasil pela simplicidade das pessoas.
Logo após Yuli, o Dj Guga, subiu ao palco trazendo músicas novas de Chris Lake e Poppof, além é claro do som de David Amo e Júlio Navas. O DJ que preparou músicas ainda inéditas para o evento alegra-se com a quantidade de público. “Alguns sons que toquei hoje ainda não foram lançados, estou gostando muito, a festa está animal. Está tão boa quanto balada feitas no eixo Rio/SP”, explica.
A equipe de limpeza trabalhou tempo integral, 150 banheiros químicos foram disponibilizados, mas mesmo assim, não foram suficientes, em alguns momentos de pico as filas chegaram a 20 minutos de espera.
Silvana Momo chegou à festa por volta das 13h, para a jovem quase tudo foi perfeito, se não fosse a fila dos banheiros. “A festa está nota 10! Só não entendo como a fila do banheiro do backstage pode estar maior do que a fila da pista principal. Deveriam ter mais banheiros femininos”. Silvana deixou claro que na próxima festa pagará um pouco mais para ficar no camarote. “No camarote sim não tem fila, essa será a minha próxima escolha”, completa.
Eldo, o proprietário da fazenda, estava presente durante o evento e disse que o local da festa é de sua família há quatro gerações. “Essa terra aqui já foi de meu bisavô, depois ele dividiu entre os filhos.” Eldo que afirma não entender de música eletrônica não se incomoda com o evento, mas espanta-se com a quantidade de pessoas em sua casa. “Nunca vi o quintal de casa com tanta gente”, diverte-se o morador.
O DJ Boris Brecha foi escolhido pelo público da comunidade oficial da festa no orkut, como a melhor apresentação do mainstage, logo depois dele é citado o projeto live Wreked Machines (Gabe), que também tocou seu set de minimal techno no backstage, na pista Lado B Stage. Eleito também como a melhor apresentação, com 36% dos votos. Logo em seguida Perfect Stranger foi o segundo mais votado com 32%. Já na pista 3Plus/Dj Mag foi unânime a escolha dos internautas pelo projeto live de Gui Borato com 66% dos votos e Fabrício Peçanha com 18%. O paulista Bruno Vinícius Correa ficou em estado de êxtase com a apresentação do veterano Gui Borato. “Gostei muito do som dele, nunca tive a oportunidade de escutar ao vivo, realmente é muito bom”, alegra-se Bruno.
Por volta das 23h, um jovem teve um desmaio entre as duas pistas do backstage, enquanto as pessoas tentavam despertar o desmaiado, outros foram à procura de ajuda. Foi uma cena incrível, em cinco minutos o socorro chegou e o rapaz foi encaminhado por Bombeiros e agentes da Polícia Militar à tenda médica para maiores cuidados. João Henrique Passos presenciou tudo. “Gostei de ver a agilidade dos bombeiros e a rapidez no atendimento. Não achei que isso iria ser resolvido tão rápido, ainda mais com essa quantidade de gente”, alegra-se João.
No local havia uma delegacia móvel que trabalhou durante toda a festa. Segundo a organização do evento, não houve grandes problemas. “Nada grave, somente algumas apreensões de substâncias ilícitas e as pessoas foram encaminhadas à delegacia”, explicou Fernanda Paludo, da organização do evento.
Após a meia noite de sábado para domingo o DJ Leozinho tocou os últimos bpms da pista 3Plus/Mag. Aline Zilli que veio de Foz do Iguaçu especialmente para o evento chateia-se com o encerramento da pista. “É minha primeira Tribal, estou adorando a tenda 3Plus/Mag, que pena que vai acabar”, lamenta a jovem.
Enquanto isso o projeto de Soundman Pako e Fabo Px, o Rolldabeetz fecha o Lado B Stage com seu som recheado de groove. Deixando um gostinho de quero mais. Nesse momento o mainstage se torna o ponto principal da festa e os poucos que não se dirigem para a pista descansam no lounge ou aproveitam para fazer uma boquinha na praça de alimentação, que atendeu a todos os gostos.
Dentre as apresentações conferidas pelo Dj Bira, as que devem ser destacadas são: Gabe, Oliver Klein, Antony Rother e Audiojack. “Gabe foi muito bom, som serio com qualidade, já o Oliver klein para mim foi o auge da festa, um DJ com mixagens perfeitas e um repertório de deixar a galera de queixo caído. Em seguida assisti ao Anthony Rother que foi uma apresentação muito legal , Gustavo Bravetti que também foi boa e para finalizar vi o Audiojack que foi excelente”.
Os ingleses do Audiojack mostraram o porquê são tão famosos. Com suas produções repletas de vários de estilos, apresentaram um DJ set impecável. Logo após os alemães de Berlin Trick e Kubic transformaram o som com uma pegada mais electro minimal.
Até que sobe ao palco mais um alemão, só que dessa vez mascarado. Boris Brejcha hipnotizou a platéia com seu som minimalista. Ele que abriu seu live com uma música do seu novo projeto de nome Ana, segundo o próprio, mais experimental, confessa que se emociona por estar no Brasil. “Aqui as pessoas são mais mente aberta. Na mesma festa que se toca som psicodélico, baixa-se os bpms. Isso não existe na Europa”, explica. Boris Brejcha. “Eu gosto muito de tocar e hoje foi a primeira vez que toquei para tanta gente, nem sei como descrever, isso é ótimo”, alegra-se Boris.
De acordo com a organização, 956 pessoas trabalharam na edição de 2008, contando com artistas, produção e prestadores de serviço. Bruno Pereira trabalhou no stand de sushi da praça de alimentação. Foi a primeira vez que trabalhou em uma festa rave. “Estou gostando mesmo cansado por estar horas aqui em pé a galera é gente boa e o som está cada vez melhor”, confessa.
Os bares funcionaram todo o tempo atendendo mais de 16 mil pessoas. Mesmo com um número tão elevado, não tiveram grandes filas. A única reclamação foi quanto ao preço da água mineral, a cinco reais a garrafa. Sendo esse um dos tópicos da comunidade oficial da festa no orkut sobre algo que realmente incomodou o público.

Ao todo foram arrecadadas 10 toneladas de alimentos (lembrando que os estudantes não doam) e R$ 3.423,00 com as cortesias sociais. “Ainda estamos trabalhando com a entrega das doações que arrecadamos, um relatório geral será postado no nosso site até no máximo a semana que vem”, explicou Fernanda Paludo uma das responsáveis pelo evento.
Segundo ela, os quilos arrecadados serão encaminhados a várias instituições. “Os alimentos estão sendo distribuídos ao Fundo Social da Prefeitura de Piraquara, Entidade Fraternitas (Piraquara) e Assossiação Amigo Animal. Com o valor que arrecadamos em dinheiro, serão comprados materiais específicos da necessidade das Ongs e tudo estará devidamente comprovado na seção AÇÃO SOCIAL do nosso site”, detalha Fernanda.
A Tribaltech quebrou o recorde alcançado no ano anterior de 15 mil pessoas, passando dos 16 mil nesta última edição. Ao todo foram 29 atrações, 14 internacionais e 15 nacionais, em 20 horas de festa. Ao longo de seus cinco anos de existência, a Tribaltech já totalizou14 festas. Dessas, quatro edições especiais de aniversário, como foi o caso dessa do último sábado, 23 de agosto.
A edição 2008 trouxe mais tecnologia, diversidade de som, de público e uma estrutura nunca vista. A festa foi elogiada por todos, desde público a DJs, nacionais, internacionais e funcionários. E tem mais, de acordo com Fernanda Paludo, a festa pode sim se tornar um festival.
Nem mesmo o frio curitibano expulsou o público que continuou enérgico mesmo que com batidas mais lentas do minimal até os últimos minutos das seis horas da manhã de domingo que foi quando os brinquedos pararam, as luzes se apagaram e o sol nasceu para mais um dia.

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William Clement Stone